sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Camargo Corrêa retira proposta de fusão à Cimpor

A Camargo Corrêa anunciou esta tarde que decidiu retirar a proposta de fusão, preliminar e não vinculativa, que apresentou a 13 de Janeiro à Cimpor. A decisão da empresa brasileira surge depois de a CMVM ter obrigado a Camargo a tomar esta decisão ou lançar uma OPA concorrente.

Apesar da desistência, a empresa brasileira diz que quer ser parte integrante da solução que venha a ser encontrada.

O prazo de 10 dias dado pela CMVM terminava hoje e a Camargo anunciou assim a retirada da sua proposta. Se avançasse com uma oferta pública de aquisição concorrente à da Companhia Siderúrgia Nacional, esta teria de ser pelo menos 2% superior aos 5,75 euros oferecidos pela CSN, ou seja, de 5,865 euros por acção.

“A Camargo Corrêa justifica esta decisão por entender que, nalguns sectores, a manutenção daquela proposta de fusão constituiria um elemento tido por perturbador dos processos em curso, facto que segundo a mesma contraria os pressupostos do seu projecto e do modelo de intervenção adoptado pela Camargo Corrêa nos mercados internacionais em que actua”, salienta o comunicado emitido pela Cimpor.

Na mesma carta, a Camargo Corrêa mostra-se convicta de que “os altos interesses da Cimpor e dos seus accionistas prevalecerão na busca de soluções de crescimento e afirmação do grupo Cimpor”, manifestando a sua vontade de “envidar todos os esforços para, neste quadro, ser parte integrante da solução que venha a ser encontrada”.

Recorde-se que a brasileira CSN lançou a 18 de Dezembro uma OPA sobre a Cimpor no valor de 3,86 mil milhões de euros (5,75 euros por acção). A cimenteira liderada por Bayão Horta rejeitou a 8 de Janeiro esta oferta de compra, por a considerar “significativamente” subavaliada, e a brasileira Camargo Corrêa fez uma proposta alternativa cinco dias depois, visando uma fusão com a Cimpor.

No entanto, a CMVM disse que a Camargo teria de lançar uma OPA concorrente à da CSN ou então abandonar a proposta. Isto porque a CSN considerou que a Camargo estava a tentar obter o controlo da Cimpor sem lançar uma OPA e solicitou uma intervenção da entidade reguladora.

A Votorantim, por seu lado, afastou oficialmente a intenção de lançar uma oferta de compra sobre a cimenteira portuguesa mas continua atenta aos desenvolvimentos.

Na semana passada, o presidente da Caixa Geral de Depósitos defendeu que a Cimpor deveria fazer uma "aliança estratégica", em vez da cedência do controlo. Desta forma conseguir-se-ia "manter o centro de decisão da Cimpor em mãos nacionais", salientou Faria de Oliveira.

A proposta da Camargo era de uma fusão da sua unidade de cimentos com a Cimpor e a distribuição de um dividendo extraordinário aos accionistas de 350 milhões de euros, ficando a empresa brasileira com menos de 50% do capital.


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