terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Britânico executado na China tinha droga "capaz de causar 26.800 mortes"

A Embaixada chinesa em Londres afirmou hoje, terça-feira, que a China "respeitou os direitos" do cidadão britânico executado, e justificou que a pena de morte decorreu do tráfico de uma quantidade de heroína "suficiente para causar 26.800 mortes".

Em comunicado divulgado em Londres, a chancelaria chinesa fez eco da rejeição chinesa de que o condenado, Akmal Shaikh, sofresse de perturbações mentais, conforme alegava o Reino Unido, que pediu a Pequim novo julgamento e clemência.

"Akmal Shaikh foi condenado por um grave crime de tráfico de droga. A quantidade de heroína que trazia para a China era de 4.030 gramas, suficiente para causar 26.800 mortes e ameaçar numerosas famílias", diz o comunicado da embaixada.

"Os direitos do senhor Akmal Shaikh foram respeitados" e os relatórios médicos realizados não revelam traços "da sua presumível doença mental", adianta o comunicado, que refere também que "numa sondagem recente na internet, 99 por cento das pessoas interrogadas apoiavam a decisão do tribunal".

"Os sistemas judiciais da China e do Reino Unido podem ser diferentes, mas tal não deverá ser um obstáculo à melhoria das nossas relações bilaterais numa base de respeito mútuo", conclui o comunicado.

Londres convocou para consultas o embaixador da China em Londres e apresentou um protesto formal pela execução do cidadão britânico.

Shaikh, de 53 anos, casado e pai de três filhos, foi executado às 02:30 de Lisboa, tornando-se no primeiro europeu a quem foi aplicada a pena de morte na China em quase 60 anos.

Foi detido em 2007 por posse de droga no aeroporto de Urumqi, capital da região autónoma chinesa de Xinjiang, onde chegou proveniente de Dushanbé, capital do Tajiquistão, e condenado à morte um ano depois.

As pressões políticas do governo britânico para que lhe fosse comutada a pena foram infrutíferas e o primeiro-ministro, Gordon Brown, expressou hoje a sua consternação pela aplicação da pena de morte a Akmal Shaikh, uma vez que não foram tidos em conta os relatórios que apontavam para o facto de o acusado sofrer de doença bipolar.

A China executou 1.718 pessoas em 2008, o que, segundo dados da AI, representa 72 por cento do total mundial.

O último europeu executado na China foi o italiano António Riva, um piloto militar da I Guerra Mundial, que foi julgado em Pequim em 1951 acusado de ter conspirado para assassinar o então líder máximo da China, Mao Zedong.

A Amnistia Internacional (AI), tal como a União Europeia, condenaram hoje a execução do cidadão britânico.

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