Rui Silva, do Xico Andebol, é um talentoso andebolista de 16 anos que se tem vindo a afirmar num mundo de gente de barba rija e força bruta e já despertou a cobiça do "colosso" Barcelona, de Espanha.
"Não há nada em concreto, apenas interesse e já se falou do que podia acontecer. Jogar no Barcelona seria a concretização de um sonho", diz Rui Silva, fã do português Carlos Carneiro e do espanhol Iker Romero.
Ambiciona "jogar ao mais alto nível, disputar a Liga dos Campeões" e apesar de algumas privações, "como não sair à noite, deitar cedo e ter cuidado com a alimentação", não trocaria o andebol por nada.
Apesar de ter idade de juvenil, Rui Silva é já uma certeza no andebol luso e, se dúvida houvesse, a atestá-lo estão os 10 golos marcados no recinto do campeão FC Porto, na vitória do Xico Andebol, por 33-29.
Rui Silva despertou para o andebol aos 4 anos, numa família ligada ao Francisco de Holanda, de Guimarães, e ainda hoje joga ao lado do irmão Nuno Silva sob o olhar atento da mãe e presidente, Paula Ferrão.
Reconhece que é uma situação "estranha", mas não tanto como "as reacções de incredulidade" de alguns adversários, nomeadamente nos encontros internacionais, quando se deparam com um miúdo pela frente.
"É uma experiência boa, pois posso aprender muito e procuro que não haja diferenças de tratamento pelo facto de eu ter apenas 16 anos e eles o dobro, ou mais. Vejo-os quase como sendo meus pais", diz a sorrir.
Produto da formação do Xico, Rui Silva esteve sempre à frente do seu escalão etário, tendo mesmo chegado a omitir a verdadeira idade para poder competir, e desde logo evidenciou uma maturidade fora de série.
Mas apesar de tudo o que se possa dizer de Rui Silva, o seu actual treinador, Nuno Santos, apesar de lhe tecer rasgados elogios, recorda que ele é "apenas um menino" e "precisa de ser protegido".
"Tem uma personalidade muito própria. É um fanático do treino, pensa bem o andebol, numa perspectiva evoluída para a idade, e é um atleta ambicioso. Sabe o que quer e tem os pés bem assentes no chão", refere Nuno Santos.
Rui Silva, que goza do estatuto de alta competição por ser jogador da selecção de juniores, pretende cursar advocacia e, um dia mais tarde, actuar nos tribunais com a mesma destreza do que nos pavilhões como "andebolista/advogado".
Reconhece que "a dedicação à modalidade obriga a abdicar de algumas coisas, como as saídas à noite com os amigos, bem como a horas suplementares de estudo para se manter com a matéria em dia".
"Conciliar o andebol com os estudos, amigos e família não é difícil, hoje em dia há já muitos atletas da minha idade que o fazem, embora tal exija sempre alguns sacrifícios pessoais", adiantou.
Rui Silva, para além das horas dedicadas ao treino e jogos, leva uma vida normal para os jovens da sua idade. Anda no 11.º ano, gosta de arroz de pato, de beber Ice Tea de manga e de ver a série "Prison Break".
Nascido a 28 de Abril de 1993, em Guimarães, Rui Silva joga com o número 14 "de sempre". Mede 1,86 metros, pesa 80 quilogramas e o diâmetro palmar de 24 centímetros é já superior, por exemplo, ao de Carlos Resende.
Rui Silva não escapa a comparações com Carlos Resende, tido ainda como o melhor andebolista português de sempre, eleito para a equipa ideal do Europeu da Croácia, em 2000, mas as referências do jovem jogador vão para Carlos Carneiro.
Predestinado para altos voos, Rui Silva mantém, no entanto, a forma simples de menino num mundo de crescidos. "Se é um fenómeno não sei, mas é muito difícil aparecer um jogador, desta idade, com as qualidades dele", disse ainda Nuno Santos.
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